quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Eu tive o prazer de dividir o mesmo avô com o autor. Posso dizer certamente em conhecimento de causa que a história é biográfica. Não da vida de alguém, é uma biografia das lembranças, da terra, da fala, do cheiro, do jeito, do sertão e do nordeste. O livro foi escrito pouco tempo depois da morte de seu avô, Seu Cabôco, e não só as homenagens, mas também as referências são explícitas. O respeito pelo patriarca da família, os símbolos que eu reconheço e muitos reconhecerão, não deixam dúvida: foi feito para o avô, ou em outra análise, por causa do avô.
A história, que muitas vezes mostra-se triste, nostálgica e perversa, transborda humor pelas palavras e suaviza o texto numa comédia cotidiana. A concreta condição do pobre nordestino é deixada de lado, ou talvez em segundo plano. Irônico e sarcástico, o narrador se comporta como se estivesse numa conversa com o leitor, frente a frente, e não perde a oportunidade de largar o texto e descambar uma piada qualquer. Quando se está em transe, sugado pelo livro, o texto na verdade revela-se uma prosa, não a literária, mas a nordestina. É o chamado “dedim de prosa”.
A trama começa espalhada, como peças de um quebra-cabeça. O narrador joga os fatos e aos poucos costura um mesmo episódio sob diferentes ângulos, até que a história assume proporções incríveis ao longo do livro. A narrativa é própria de um roteiro cinematográfico. O autor mesmo confessa que a fez para ser filmada futuramente.
Nos diálogos, o tempo da comédia é preciso, sendo impossível não notar a semelhança de Zé Firmino e Pedro Pereba com os célebres personagens de “O Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna: Chicó e João Grilo, respectivamente. São claras também algumas referências às músicas de Luiz Gonzaga, como, por exemplo, a cidade de Assum Preto e o pré-fixo usado para chamar o pai na casa.
E é um livro de comédia. Volta e meia, a gargalhada permeia o texto, mas, nas últimas páginas, fica difícil conter as lágrimas. Bate uma saudade de numseiquê.

Kiko Carvalho

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A Cachorra da Mãe do Delegado já se encontra à venda na loja do PerSe (basta clicar na capa do livro aqui ao lado).

Ambientado em uma cidade do sertão nordestino, o livro conta a história de Zé Firmino que com a ajuda de seu amigo, Pedro Pereba, consegue casar-se com Rosa, a moça mais cobiçada da cidade. O que Zé Firmino não imaginava era a confusão a que um mal-entendido o levaria.

Se você ficou curioso ou apenas acha que, de graça, até injeção na testa, o primeiro capítulo está disponível para DOWNLOAD!